O PERDEDOR

Os norte-americanos, o povo mais imperialista do mundo, e cuja cultura domina o planeta (suspeita-se que, se um dia for descoberta vida em Marte, apareça do nada um marcianinho usando jeans e tomando Coca-Cola) tem uma expressão para os que não se dão bem na vida, no mundo cada vez mais capitalista: loser.

Confesso que, passado meio século de vida, me sinto um perdedor. Vou explicar as causas. Perdi meu pai, minha mãe e meu irmão mais novo. Os três foram morar em um lugar além do jardim. Deles só não perdi as lembranças, que insistem em voltar, como as lágrimas quando escrevo sobre eles.

Perdi as esperanças de ver um mundo mais solidário, especialmente quando constato escândalos como os de deputados estaduais, federais, senadores, que dilapidam o patrimônio público, fazendo na vida pública, o que deviam fazer na privada.

Perdi também a esperança de fazer deste nosso país um mundo de leitores. Com escolas sucateadas, professores mal pagos e ensino de leituras obrigatórias por resumos, quem ainda acredita, aliás?

Perdi, finalmente, o ônibus. Rascunhava esta crônica, perdido em meus pensamentos, e o bonde veio e eu não fui. Restou-me a utopia, como diria o poeta. Mas, esta sobrevive até quando, se mesmo a Esperança, sendo a derradeira a cair, morre?

1 comentário

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Uma resposta para “O PERDEDOR

  1. Mariléia Modesto

    “… escândalos como os de deputados estaduais, federais, senadores, que dilapidam o patrimônio público, fazendo na vida pública, o que deviam fazer na privada.”
    Alfredo será que um dia veremos esses ladrões na cadeia???

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